Cerca de 1 milhão de ônibus
intermunicipais entram em São Paulo diariamente, a maioria se deslocam de
cidades do interior para levar trabalhadores e estudantes a Capital, destes cerca
de 2.300 são moradores de Santa Isabel
Repórter: Bruno Martins
Prestes a ser votado na
primeira semana de abril deste ano, o Plano Diretor Estratégico – PDE de São
Paulo que tem entre os principais objetivos organizar melhor os espaços da
cidade apresenta em suas propostas de melhoria a reestruturação da mobilidade
urbana. No entanto nenhuma dessas propostas visa o transporte intermunicipal
que liga cidades do interior a capital paulista.
Fonte: Blog Arinos Correa
É realizado cerca de 1 milhão
894 mil viagens diárias de ônibus intermunicipais que ligam a capital a outros
municípios, segundo pesquisa de mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo
realizada pelo Metrô e divulgada na segunda-feira,10. Deste 1 milhão, 41
viagens diárias são realizadas pela linha 219 da empresa Pássaro Marron, que
liga a cidade de Santa Isabel, interior de
São Paulo a estação Armênia do Metrô.
Considerada a tarifa mais
cara do Estado de acordo com os dados da Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos – EMTU, a um custo de R$ 5,65, a linha 219 transporta diariamente 2.300
passageiros muitos destes deixam a pacata cidade do interior com 51 mil
habitantes, para trabalharem e estudarem em São Paulo. O massoterapeuta Rodrigo
Barbosa, 26, é um deles. Cinco vezes por semana ele percorre 74 km que é a
distância entre as duas cidades, para trabalhar no Bairro do Morumbi, zona sul
da capital: “Saio de casa por volta das 7h, pois tenho que estar no trabalho às
10h e só retorno às 22h00”. Para Rodrigo além da superlotação da linha nos
horários de pico o tráfego intenso de veículos é o que causa mais cansaço
naqueles que precisam viajar diariamente para a Capital.
Para se livrar deste cansaço
e estresse a qual se submetia para ir trabalhar a auxiliar administrativa
Fernanda Lima, 25, se mudou para São Paulo há um ano e todo o trajeto que ela
fazia ônibus intermunicipal, Metrô e coletivos municipais se reduziu, a duas
estações de Metrô ou 20 minutos de caminhada: “Chegava a ter um gasto de cerca
de R$ 400,00 por mês com transporte, hoje junto com meu noivo pagamos um
aluguel de R$ 1.300,00, em uma residência próximo a Estação de Metrô Alto do
Ipiranga, o investimento valeu a pena”, ressalta.
Rodrigo e Fernanda já
trabalharam em Santa Isabel, mas dizem que se renderam a São Paulo, pois as
áreas de atuação são bem maiores, com grandes chances de crescer
profissionalmente e a mão de obra é mais valorizada.
Dentro de São Paulo as
propostas do PDE para controlar este aumento populacional estão relacionadas à
inclusão de novas áreas nos eixos de corredores e exclusão daqueles
considerados inadequados nas regiões. De acordo com o Presidente da Câmara de
Vereadores de São Paulo, José Américo (PT) o PDE prevê o aumento de 80% dos
corredores de ônibus nos próximos dois anos: “Isso significa a construção de
150 km de corredores”, enfatizou.
Na última terça-feira, o
projeto dos corredores de ônibus que é uma bandeira da gestão Fernando Haddad
(PT) foi para discussão na Câmara de Vereadores de São Paulo, no entanto
recebeu a reprovação de Parlamentares que são contra as mudanças que estes
corredores podem provocar em São Paulo. A desapropriação de sete mil moradias
que estão dentro destes eixos, foi um dos motivos alegados para a não aprovação
do projeto.
O PDE passou por 46
audiências públicas promovidas pelo legislativo além das oficinas realizadas
nas 31 subprefeituras do município paulistano. Enquanto São Paulo tenta acertar a sua frota
de coletivo municipal dentro da cidade, com a construção de corredores, os
ônibus intermunicipais que conduzem na maioria das vezes mão de obra do
interior para trabalhar na Capital, se deslocam como podem.
A
Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU gerencia 4.800 coletivos
intermunicipais destes 80% tem como destino a Capital Paulista: “os pontos
terminais dos nossos serviços estão nos extremos da periferia, a exemplo
da zona Oeste, em que a maioria dos ônibus metropolitanos chega até o Bairro
Pinheiros; na zona Sul, até as Estações Capão Redondo e Campo Limpo do Metrô;
na Norte, até as Estações Armênia Tucuruvi e Parada Inglesa do Metrô; e na
Leste até Penha, Itaquera, Guaianazes e São Miguel”, explica a assessoria de
imprensa.
As linhas da EMTU
transportam em média 45 milhões de passageiros por mês, o que representa 1,7
milhão de usuários por dia.
Matéria feita com base na primeira coletiva de imprensa do 7º Curso Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter da Oboré e Escola do Parlamento. Entrevistado José Américo vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Coordenador do curso Milton Bellintani
Veja uma matéria que saiu nesta semana no G1 "Justiça de SP suspende audiências públicas do plano diretor"
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