sábado, 19 de abril de 2014

A influência do PDE na vida daqueles que não moram em São Paulo

Cerca de 1 milhão de ônibus intermunicipais entram em São Paulo diariamente, a maioria se deslocam de cidades do interior para levar trabalhadores e estudantes a Capital, destes cerca de 2.300 são moradores de Santa Isabel 

Repórter: Bruno Martins

Prestes a ser votado na primeira semana de abril deste ano, o Plano Diretor Estratégico – PDE de São Paulo que tem entre os principais objetivos organizar melhor os espaços da cidade apresenta em suas propostas de melhoria a reestruturação da mobilidade urbana. No entanto nenhuma dessas propostas visa o transporte intermunicipal que liga cidades do interior a capital paulista.
Fonte: Blog Arinos Correa 

É realizado cerca de 1 milhão 894 mil viagens diárias de ônibus intermunicipais que ligam a capital a outros municípios, segundo pesquisa de mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo realizada pelo Metrô e divulgada na segunda-feira,10. Deste 1 milhão, 41 viagens diárias são realizadas pela linha 219 da empresa Pássaro Marron, que liga a cidade de Santa Isabel, interior de  São Paulo a estação Armênia do Metrô.
Considerada a tarifa mais cara do Estado de acordo com os dados da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU, a um custo de R$ 5,65, a linha 219 transporta diariamente 2.300 passageiros muitos destes deixam a pacata cidade do interior com 51 mil habitantes, para trabalharem e estudarem em São Paulo. O massoterapeuta Rodrigo Barbosa, 26, é um deles. Cinco vezes por semana ele percorre 74 km que é a distância entre as duas cidades, para trabalhar no Bairro do Morumbi, zona sul da capital: “Saio de casa por volta das 7h, pois tenho que estar no trabalho às 10h e só retorno às 22h00”. Para Rodrigo além da superlotação da linha nos horários de pico o tráfego intenso de veículos é o que causa mais cansaço naqueles que precisam viajar diariamente para a Capital.
Para se livrar deste cansaço e estresse a qual se submetia para ir trabalhar a auxiliar administrativa Fernanda Lima, 25, se mudou para São Paulo há um ano e todo o trajeto que ela fazia ônibus intermunicipal, Metrô e coletivos municipais se reduziu, a duas estações de Metrô ou 20 minutos de caminhada: “Chegava a ter um gasto de cerca de R$ 400,00 por mês com transporte, hoje junto com meu noivo pagamos um aluguel de R$ 1.300,00, em uma residência próximo a Estação de Metrô Alto do Ipiranga, o investimento valeu a pena”, ressalta.
Rodrigo e Fernanda já trabalharam em Santa Isabel, mas dizem que se renderam a São Paulo, pois as áreas de atuação são bem maiores, com grandes chances de crescer profissionalmente e a mão de obra é mais valorizada.
Dentro de São Paulo as propostas do PDE para controlar este aumento populacional estão relacionadas à inclusão de novas áreas nos eixos de corredores e exclusão daqueles considerados inadequados nas regiões. De acordo com o Presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, José Américo (PT) o PDE prevê o aumento de 80% dos corredores de ônibus nos próximos dois anos: “Isso significa a construção de 150 km de corredores”, enfatizou.
Na última terça-feira, o projeto dos corredores de ônibus que é uma bandeira da gestão Fernando Haddad (PT) foi para discussão na Câmara de Vereadores de São Paulo, no entanto recebeu a reprovação de Parlamentares que são contra as mudanças que estes corredores podem provocar em São Paulo. A desapropriação de sete mil moradias que estão dentro destes eixos, foi um dos motivos alegados para a não aprovação do projeto.
O PDE passou por 46 audiências públicas promovidas pelo legislativo além das oficinas realizadas nas 31 subprefeituras do município paulistano.  Enquanto São Paulo tenta acertar a sua frota de coletivo municipal dentro da cidade, com a construção de corredores, os ônibus intermunicipais que conduzem na maioria das vezes mão de obra do interior para trabalhar na Capital, se deslocam como podem.
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU gerencia 4.800 coletivos intermunicipais destes 80% tem como destino a Capital Paulista: “os pontos terminais dos nossos serviços estão  nos extremos da periferia, a exemplo da zona Oeste, em que a maioria dos ônibus metropolitanos chega até o Bairro Pinheiros; na zona Sul, até as Estações Capão Redondo e Campo Limpo do Metrô; na Norte, até as Estações Armênia Tucuruvi e Parada Inglesa do Metrô; e na Leste até Penha, Itaquera, Guaianazes e São Miguel”, explica a assessoria de imprensa.
As linhas da EMTU transportam em média 45 milhões de passageiros por mês, o que representa 1,7 milhão de usuários por dia.

Matéria feita com base na primeira coletiva de imprensa do 7º Curso Descobrir São Paulo - Descobrir-se Repórter da Oboré e Escola do Parlamento. Entrevistado José Américo vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Coordenador do curso Milton Bellintani

Veja uma matéria que saiu nesta semana no G1 "Justiça de SP suspende audiências públicas do plano diretor"


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