Transformar a matéria em memória é o objetivo de José, escultor que mora em Santa Isabel
Todo o
pedaço de madeira encontra um destino nobre nas mãos do artista José Adilson
Ramos Cepinho, 67, ex-funcionário da rede pública de ensino da prefeitura de
São Paulo que, tão logo se aposentou, escolheu Santa Isabel para viver e criar
com a esposa os seus quatro filhos.
José
ou Cepinho, como é conhecido,mora com um de seus filhos, na casa que um dia
pertenceu ao seu pai, na Rua Idactor Ferreira da Costa, Bairro Vila Guilherme. Em
seu lar, cabos de vassoura e troncos de árvores nobres como: ipês roxo, cedros,
cerejeiras e jacarandás se transformam em obras de arte.
Cepinho começou na década de 90 a produzir artesanato, corintiano fanático sua primeira
peça produzida foi um São Jorge que ele mantém guardado até hoje: “Peguei um resto
de arame e comecei a dobrar, quando percebi tinha feito um homem em cima do
cavalo, ai para fazer o dragão eu usei uma latinha de cerveja”, recorda.
Em
seguida, para incentivar um dos filhos a prosseguir na faculdade de Educação
Física, José esculpiu em um pedaço de madeira as principais modalidades do
esporte, a retribuição veio para o artesão anos depois com a formação acadêmica
do filho. A partir daí José passou a esculpir em madeiras.
O que
a mente criativa do Cepinho imagina, ele mais tarde transforma em carrancas,
animais, pássaros, santos e monges. “O que produzo se não for para mim eu dou
de presente é uma forma de me manter eternizado com as pessoas”, diz. Umas das
peças que ele atualmente produz é o símbolo de Igaratá, que José pretende
presentear o primo e prefeito Elzo de Souza.
O
artista mantém uma lojinha de produtos diversos em um cômodo de sua casa, ali
ele expõe os terços feitos por ele com restos de arame, fio de cobre e sementes
de plantas nativas.
Cepinho tem na figura paterna uma referência, seu pai, Alyrio Pinto Cepinho, trabalhou como maquinista na antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, que durante 111
anos ligou as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais: “Meu pai era
um são paulino de princípios, sempre fiel a minha mãe, tratou de me ensinar os
valores da vida. Ainda me lembro de nossos últimos momentos, quando em 1992 o
São Paulo entrava em campo pelo primeiro jogo da Taça Libertadores da América
ele passou mal e faleceu em meus braços ainda no corredor do hospital”, recorda
emocionado.
A mãe
Alice Ramos Cepinho, que também foi funcionária pública, faleceu no ano passado
aos 97 anos, um dia antes do aniversário de Cepinho. “Ela me ensinou o valor da
família, da união entre as pessoas que amamos e eu tento manter-me com elas a
cada escultura que dou de presente”, revela.
O texto foi originalmente publicado na Ed. 972 do Jornal Ouvidor e foi editado pela jornalista Erica Alcântara. Veja a matéria completa Clique aqui.