terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A intimidade nas ruas

Todo o lixo tem um significado, em todo sofá há uma história, seja de amor, ou até mesmo um crime... Nos armários além da comida talvez uma arma já tenha sido escondida, a mesma que foi usada para cometer um crime (Em cima do sofá que também foi para o lixo).

"A intimidade nas ruas" traz um pouco dos móveis e acessórios pessoais que ocuparam nos últimos anos as calçadas de algumas cidades. Afinal cada lixo tem uma história.

Coleção de sofás 










Moda cozinha







Fotos de Bruno Martins feitas entre os anos de 2013 a 2014 nas ruas de Santa Isabel.

Aguardem em breve mais fotos deste tema.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

"Os portais de notícias vieram para somar", diz Heródoto Barbeiro

Tive a oportunidade de entrevistar Heródoto Barbeiro para saber do Jornalista e apresentador a opinião dele sobre o jornalismo digital (Portais de notícias x jornalismo impresso). Heródoto que teve passagens pela TV Gazeta, TV Cultura, ajudou em 1991 a fundar a Rádio CBN onde foi ancora e apresentador do Jornal da CBN, atualmente é apresentador e editor chefe do Jornal da Record News.


A opinião de um dos jornalistas mais premiados do Brasil, você confere aqui no Foca na Ação.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Thales passou o bastão para Ana, Ana passou para Ricardo, Ricardo pode passá-lo para você

As vidas que se cruzaram nos encontros do Projeto Repórteres do Futuro, dividem agora o prazer de terem conquistado o mesmo prêmio nas três últimas edições e com ele a oportunidade de estudar fora do país

A vida de estudantes de jornalismo é um aprendizado instantâneo, a largada é dada no vestibular, mas de nada adianta dar o primeiro passo se for somente para andar em busca de um diploma. Nesta semana Ricardo Rossetto foi anunciado como o vencedor do 9º Prêmio Santander Jovem Jornalista. A história dele se mistura com a de Ana Carolina Neira e Thales Willian, que venceram o mesmo Prêmio nas duas últimas edições. Vidas diferentes que aprenderam que os sonhos vão além dos muros das universidades.
Thales, Ana e Ricardo se conheceram entres encontros de um projeto denominado Repórteres do Futuro. Sob os conselhos um pouco repetitivo, mas de grande valia do ex-professor universitário e fundador do grupo, Sérgio Gomes, eles ouviram incansavelmente que “Jornalista que é jornalista precisa estar sempre preparado para fotografar, filmar, registrar qualquer momento que possa ser de interesse de uma terceira pessoa”. Foi seguindo este conselho, que hoje os já formados jornalistas conseguiram lapidar o fílin que havia dentro de cada um.

Thales Willian venceu o Prêmio em 2012
Foto: Divulgação
Natural de Roseira no interior de São Paulo, Thales conseguiu ingressar na universidade após ganhar uma bolsa do Programa Universidade para Todos (Prouni). Ele se mudou para Mogi das Cruzes, onde se formou pela Universidade Brás Cubas. Foi perto do último ano do curso, em 2012, que Thales participou pelo segundo ano consecutivo da Semana Estado de Jornalismo. Resultado de uma parceria entre o grupo Santander e o Jornal O Estado de S. Paulo.
Era a sétima edição daquele ano e após a semana de congresso o estudante escreveu a matéria. “Projeto leva exemplo de motivação a alunos carentes”. Eleita a melhor matéria entre as demais que lhe rendeu uma bolsa de estudos na Universidade de Navarra, em Pamplona na Espanha.
Em Navarra, Thales se especializou por seis meses em jornalismo digital. “O prêmio me permitiu alcançar um mundo novo. Este intercâmbio onde pude conhecer estudantes de várias nacionalidades me agregou ainda um olhar diferente sobre a realidade”, acrescenta o estudante que atualmente vive em Tijuana no México onde faz pós-graduação em sociologia.

Ana Carolina venceu a edição de 2013
Foto: Nivaldo Silva
Depois de Thales, foi à vez da paulistana com sotaque São Bernardense, Ana Carolina Neira vencer no ano seguinte o mesmo prêmio.   Ex-aluna da Cásper Líbero, ela se formou no final do ano passado e foi em agosto deste ano para a Espanha. Entre disciplinas opinativas e obrigatórias de Navarra, que é considerada uma das melhores universidades de jornalismo do mundo, Ana ressalta a importância de aprender o fazer jornalístico tendo como base a imprensa espanhola. “Eu agora consigo ter uma visão mais global das coisas, posso comparar o jornalismo do Brasil com o de outros lugares, o que é bom para o exercício da nossa profissão. Além de um novo idioma, o Prêmio me permitiu me aprofundar mais nas áreas de política, internacional, direitos humanos e jornalismo digital, com as quais pretendo trabalhar um dia”, diz.  
“Um pedacinho do Paraguai na Zona Oeste de São Paulo”, foi à matéria escrita por Ana para concorrer ao prêmio. Ela alerta para a importância dos estudantes que pretendem um dia participar da Semana Estado de Jornalismo, de estudar os textos produzidos por finalistas dos anos anteriores e em seguida procurar contar uma boa história que seja de interesse geral.

Ricardo venceu a 9º edição nesta semana
Foto: Nivaldo Silva
Foi atrás da melhor história que o Cásperliberiano Ricardo Rossetto conseguiu escrever a matéria “Em site: Indígenas ensinam sua história e derrubam preconceito” e com ela vencer na segunda-feira, 01, a 9º edição do prêmio. Ricardo ressalta que o faro jornalístico não surge por acaso e deve ser constantemente praticado através da busca de formação cultural e é ai que entra a importância dos cursos de extensão universitária. “O jornalista precisa ser um profissional multidisciplinar e sua formação cultural é um bem que ninguém pode lhe arrancar, não devemos ser profissionais medianos, por isso é importante sair da zona de conforto e meter as caras neste concorrido mercado, afinal o mundo esta ai para conquistarmos”, aconselhou.  

Para Rossetto a convivência com jornalistas experientes, fruto da ligação dele com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Projeto Repórteres do Futuro onde conseguiu realizar inúmeros cursos extras curriculares, contribuiu e muito para o resultado de sua conquista. “Eles me ensinaram o caminho das pedras e a estes mestres e aos que tive na universidade, sou eternamente grato além do apoio e companhia que sempre tive da minha namorada Raquel Brandão”, acrescenta.
Ana, Ricardo e Thales, três repórteres do futuro que aprenderam que o jornalismo se faz além dos prédios acadêmicos e que a procura do aprendizado deve ser insaciável. Uma corrida sem fim cujo bastão será passado para aqueles que têm interesse e principalmente curiosidade.

A corrida continua. Avante!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Por dentro das notícias de Roberto Cabrini

O jornalista e editor do programa Conexão Repórter do SBT, Roberto Cabrini contou um pouco dos bastidores de duas de suas grandes matérias realizadas neste ano para o programa. Cabrini falou sobre “Os porões do futebol” que revelam a corrupção que existe no esporte mais preferido do país.


Além desta, o jornalista falou também sobre “O escritório central do PCC” uma matéria que demandou uma investigação de oito anos. O documentário apresentou imagens exclusivas que mostram como que o crime é comandado por seus chefes de dentro do presídio de segurança máxima em Presidente Venceslau.

Cabrini palestrou no 9° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado em julho deste ano em São Paulo pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Abraji. 

A entrevista para a cobertura oficial do congresso, foi realizada por Tayna Mendes da Universidade Cruzeiro do Sul e mim (Bruno Martins da Universidade Guarulhos).





A matéria completa da palestra de Cabrini está no site: http://congressoabraji.wix.com/2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Não é pirataria é por uma justiça mais digna

Jornalista usarão tapa-olho para reverter decisão da justiça de São Paulo - Foto: Rubens Cavallari

Profissionais de comunicação usam um tapador de olho em protesto a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo em considerar o fotógrafo Alex Silveira o único culpado e responsável por ter perdido o olho esquerdo ao ser atingido por uma bala de borracha disparada pela tropa de choque da Polícia Militar. Alex cobria para o Jornal Agora, a manifestação ocorrida na Av. Paulista em 18 de julho de 2000. Ele perdeu 80% da visão.
A decisão de responsabilizar o fotógrafo partiu dos desembargadores Vicente de Abreu Amadei e Sérgio Godoy Rodrigues de Aguiar e do juiz Maurício Fiorito, que consideraram: “Permanecendo no local do tumulto, dele não se retirando ao tempo em que o conflito tomou proporções agressivas e de risco à integridade física, mantendo-se, então, no meio dele, nada obstante seu único escopo de reportagem fotográfica, o autor [Alex Silveira] colocou-se em quadro no qual se pode afirmar ser dele a culpa exclusiva do lamentável episódio do qual foi vítima”, afirma o acórdão, assinado pelo relator Vicente de Abreu Amadei.
O encontro dos jornalistas para discutir sobre a decisão do Tribunal de Justiça ocorreu no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo na noite de quarta-feira, 10. Alex que mora no Rio de Janeiro e não pode comparecer ao encontro enviou uma carta aos companheiros que foi lida pelo repórter fotográfico Sérgio Silva que em junho do ano passado perdeu o olho esquerdo ao ser atingido por uma bala de borracha disparada por militares de São Paulo.


Leia a matéria completa de Fausto Salvadori Filho, no site da Ponte: http://ponte.org/em-protesto-por-justica-jornalistas-usarao-tapa-olho/

Leia na integra a carta de Alex Silveira enviada aos colegas de profissão e que está no site da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo: http://www.arfoc-sp.org.br/index.php/component/k2/item/492-carta-aos-companheiros-de-profiss%C3%A3o-por-alex-silveira

domingo, 6 de julho de 2014

Fotos de capa do "Jornal O Ouvidor" - Feitas por um "Foca"

Essas são algumas fotos de capa do Jornal O Ouvidor que foram feitas por mim, pelas ruas de Santa Isabel e marcam um pouco o início da minha vida profissional. São um ano e cinco meses nesta casa onde cada dia se torna uma verdadeira escola, já foram 72 edições fechadas, milhares de cliques e algumas centenas de matérias escritas.  


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 909
Minha primeira semana como "Foca" no Jornal O Ouvidor.
Foto do Ribeirão Araraquara em Santa Isabel - SP  


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 911
Máquina atola no ribeirão Araraquara em Santa Isabel - SP


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 914
Deslizamento de terra do barranco da Estação de Tratamento de Água - ETA 1 
de Santa Isabel - SP interdita trecho da Estrada SP 056 Vereador Albino Rodrigues Neves

 

Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 923
Menino brinca sozinho em parquinho abandonado no Bairro Vila Guilherme em Santa Isabel - SP


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 926
Tio lava rua onde ficou as marcas de sangue do sobrinho de 9 anos que morreu prensado entre um ônibus em um carro na Rua Augusto Correia Leite, Bairro Vila Guilherme em Santa Isabel - SP 


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 929
Adutora rompe e deixa bairros sem água em Santa Isabel - SP 


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 930
Multidão no show de aniversário dos 181 anos de Santa Isabel - SP
   

Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 942
Prefeitura de Santa Isabel - SP desmancha calçada e a transforma em estacionamento para mototaxistas. No centro da imagem o carro do prefeito. Pe. Gabriel Bina  


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 946
O trabalho dos coletores de lixo de Santa Isabel - SP
Com caminhões de coleta quebrado Prefeitura recorre a caminhões basculantes para fazer a coleta de lixo nos bairros.


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 951
"Espera dolorosa"
Criança de oito anos espera na beira da Represa Jaguari no Bairro Jd. Eldorado em Santa Isabel enquanto a equipe do corpo de bombeiros procura o corpo do irmão de 16 anos que se afogou quando mergulhava com uma boia improvisada com taquaras.


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 957
Com a falta de área de lazer, crianças ignoram o perigo e brincam no acostamento da rodovia SP-056 Vereador Albino Rodrigues Neves em Santa Isabel - SP  


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 959
Com a falta de água em Santa Isabel - SP criança se banha em água da bica. 


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 960
Santa Isabel - SP fica com seu abastecimento de água comprometido aumentando a angustia de populares, caminhões pipas só conseguem subir para os bairros escoltados pela Polícia Militar. 



Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 966
Dona Josefa segura o retrato em que aparece ela e o marido Rubens da Silva, no casamento dos dois há um ano. Rubens era coletor de lixo em Santa Isabel - SP e morreu após uma breve agonia, as suspeitas eram Influenza A H1N1, Dengue hemorrágica e Leptospirose. Sua morte era considerada de risco, por isso o velório foi realizado com o caixão lacrado. Na semana seguinte o laudo revela que Rubens morreu de leptospirose - doença transmitida pela urina do rato.   


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 976
Pela primeira vez em 2014 um cidadã isabelense participou de uma audiência pública de prestação de contas da Prefeitura de Santa Isabel - SP. Cleide Guimarães, 60, está sentada na ponta do lado direito.


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 977
Moradores do Bairro Pouso Alegre, em Santa Isabel - Reivindicam melhorias em estrada rural.  


Foto de capa Jornal Ouvidor Ed. 978
Familiares e amigos do jovem Luiz Rodrigues da Silva Junior que morreu após ser atropelado por um ônibus na Av. Coronel Bertoldo em Santa Isabel, fizeram uma manifestação pelas ruas da cidade pedindo mais paz no trânsito e exigindo justiça.  

Mais fotos e matérias de minha autoria você pode encontrar no site do Jornal O Ouvidor pelo site: http://jornalouvidor.com.br/

domingo, 11 de maio de 2014

Resenha: A Vida que Ninguém Vê - Eliane Brum

Fonte: Arquipélago Editorial
A vida que ninguém vê é uma obra que nasceu de crônicas que foram publicadas em 1999, em um jornal do Rio Grande do Sul. São histórias reais que traçam o perfil de pessoas comuns. Marcelo Rech era Diretor de Redação do Jornal Zero Hora e lançou o desafio imediatamente aceito pela repórter Eliane Brum, cabia a ela a função de ir atrás de pautas que pudessem contar boas histórias.

Eliane que nasceu em março de 1966 na cidade de Ijuí – RS foi para a capital ainda jovem e em 1988, formou-se em jornalismo, pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Depois de um texto que fez na faculdade, conseguiu um estágio no Zero Hora e ali ficou durante 11 anos.

Sem sair do seu perfil de repórter, Eliane vai às ruas de Porto Alegre onde se depara com diferentes personagens que chamam a sua atenção. Esses personagens mal sabiam que depois da conversa com ela, teriam suas vidas, suas dores e seus problemas compartilhados em uma coluna no jornal na edição de sábado, para quem quisesse ler.

Uma característica dos textos desta obra é a forma que a autora descreve cada movimento, cada gesto dos personagens, os detalhes em sua volta, a dor, o grito, a última frase que foi dita, à lágrima que cai do rosto daquele que acabara de enterrar um parente, seja este mulher, filho, ou os dois.

Como não se emocionar com histórias como a de Antonio Antunes que perdeu a mulher Lizete, que foi mais uma vítima da negligência existente na saúde pública. Um deslocamento na placenta causou uma hemorragia em Lizete, que fez com que a mesma perdesse a criança que trazia em seu útero há oito meses, este bebe seria o quinto fruto do seu amor com Antonio. Lizete morreu cinco dias depois, deixou o marido e quatro filhos, dois sadios e outros dois, Fernanda e Luiz Oscar que sofrem de paralisia cerebral ficaram em hospitais diferentes, Antonio teve que voltar para a vida normal e lutar para manter vivos os dois filhos um deles ainda respirava com a ajuda de aparelhos. 

Este capítulo “O dia seguinte” contado numa forma literária, para ilustrar o sofrimento deste pobre personagem, também mostra todo empenho que a repórter e autora teve para ouvir os dois lados da história e colher os depoimentos do administrador do hospital e do chefe do plantão, responsável pelos profissionais que atenderam Lizete. Não somente este texto, mas todos os outros que compõem esta obra conseguem mesclar apuração e crônica.

A autora demonstra a sua indignação em histórias como a de Camila, a menina de dez anos, que vivia em um barraco e pedia dinheiro nos cruzamentos das ruas de Porto Alegre para sustentar os quatro irmãos, o pai desempregado e a mãe. A menina pobre como todas as outras crianças de sua época inventava versos para conseguir ganhar dos motoristas o dinheiro que lhe compraria o pão. O que Camila muito conseguia era um vidro que se fechava nos carros, numa maneira onde segundo a autora as pessoas encontraram para se defender do peso na sua consciência e não terem participação na miséria daquela garotinha.

Era uma sexta-feira, quando Camila fugiu da Febem com outras amiguinhas e com a inocência que sempre teve a menina que fazia poesias no semáforo entrou nas águas do Parque Marinha do Brasil mesmo se saber nadar. Camila só saiu daquelas águas resgatada pelos bombeiros, mas já era tarde.

“A questão é saber, quantas Camilas precisarão morrer antes de baixarmos o vidro de nossa inconsciência. Você sabe?” é o questionamento feito por Eliane para aqueles que a certamente iriam ler sua coluna no sábado, ou o seu livro anos mais tarde, e lembrariam na menina que eles ignoraram nos semáforos.

Na verdade as melhores histórias da obra não são somente estas, como a de Antonio e Camila que fazem com que o leitor se emocione, pois trazem relatos tristes de acontecimentos que marcaram vidas, mas também há histórias de superação como a de “Dona Maria tem olhos brilhantes”.

Dona Maria teve dez filhos e enfrentou o marido para que todos eles entrassem na escola, depois da morte do marido Maria foi atrás do tempo perdido e matriculo-se em várias escolas para aprender a ler, as primeiras tentativas não deram certo, mas não por culpa de Maria e sim dos que tinham má vontade e não queriam ensiná-la. A autora consegue valorizar a história pela garra da personagem em não desistir de algo que deveria ser de livre acesso, o aprendizado.

O doce velhinho dos comerciais que ainda guarda o revolver que um dia apontou para a própria cabeça numa atitude desesperadora, o enterro de pobre, história de um olhar que conta a vida de Israel, um menino especial, mas que assim como “Dona Maria” tinha um sonho de estudar e conseguiu, dentre muitos outros personagens contribuíram com suas histórias para ilustrarem esta obra.    
Fonte: atarde.uol.com.br

Foram um total de 46 perfis feitos por Eliane Brum em sua coluna no Jornal Zero Hora, onde 25 ilustram o seu livro “A vida que ninguém vê”. Com este trabalho a autora venceu em 2007 o prêmio Jabuti de melhor livro reportagem.


Eliane já escreveu Gotas da minha infância; Coluna Prestes: O avesso da lenda; O olho da rua – Uma repórter em busca da literatura da vida real e um livro de romance chamado Uma duas. Em 2013 Eliane saiu da revista Época onde manteve uma coluna todas as segundas-feiras durante 13 anos. Atualmente Eliane trabalha no portal El País Brasil.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Resenha: Cabeça de Turco - Jornalista denuncia o preconceito dentro de sua própria sociedade

Fonte: Google
Cabeça de Turco é uma obra de 1985, escrita pelo jornalista alemão Gunter Wallraff. O livro é o resultado de dois anos de investigações deste jornalista que nesse período inteiro abandonou sua real identidade para se tornar o turco Ali Sinirlioglu e assim desvendar a discriminação que existia entre os alemães contra os milhares de imigrantes, que viviam naquele país.

Em outra vida, porém sem deixar de ser repórter Wallraff passa a ser o imigrante turco Ali, que vive na Alemanha e que está sujeito a todos os tipos de trabalhos pesados para não ser deportado para o seu país de origem, pelo menos era isso que ele alegava quando procurava empregos nas indústrias e canteiros de obras alemães. O jornalista estava disposto a fazer parte de uma minoria que vivia na pior em busca de denunciar aquilo que ele já tinha conhecimento, mas nunca vivenciou.

Sarcástico e atraente do início ao fim “Cabeça de Turco” é um livro escrito por um alemão que sem medo denunciou o preconceito que corria dentro dos porões de sua própria sociedade.

Uma das características desta obra é como o autor soube interpretar o papel do robusto Ali que com o uso de uma peruca aparentava ter 26 anos, quando na verdade estava em um corpo de 43 anos de um homem que era calvo. Wallraff passou por um intenso treinamento para aprender a falar o alemão pronunciado pelos turcos, desrespeitou qualquer concordância verbal. O escritor passou a ser o principal ator da história que tinha que descrever em detalhes as humilhações que sofria e as que testemunhava, viver várias cenas em um único dia e tomar nota de tudo sem se esquecer dos nomes dos humilhadores e das empresas a quais faziam parte.

Após publicar em vários jornais um anuncio sobre um estrangeiro robusto a procura de emprego, disposto ainda a receber pouco. O turco Ali conseguiu trabalho nas principais indústrias dentre as denunciadas no livro estão à Industria August Thyssen Hutte – ATH e um restaurante da rede Mcdonalds, onde o autor descreve que chegava a usar o mesmo pano que limpava o chão do restaurante e dos banheiros na limpeza das mesas. 

Humilhações e indiferenças Wallraff começou a sofrer ao circular, na pele de Ali, até em festas dos alemães burgueses e inclusive dentro das religiões das quais tentou fazer parte alegando que era uma forma de não ser deportado para o seu país de origem e teve o batismo católico negado.

O que impressiona no autor é a potencialidade de conseguir descrever tudo e se preocupar com os mínimos detalhes que certamente fazem os leitores se sentirem dentro da história. Desde a humilhação de ser encarregado a limpar um banheiro imundo que vivia entupido sujo de urina e fezes em um canteiro de obras, em Dusseldorf até o risco de trabalhar sem máscaras dentro de camarás de gás na Thyssen onde constantemente ocorriam vazamentos, no entanto os imigrantes eram obrigados a continuar na limpeza, como se nada estivesse acontecendo.   

Fonte: Blog.zeit.de
No capítulo “Cobaia humana” Gunter Wallraff desafia os seus próprios limites ao aceitar trabalhar como cobaia no Instituto LAB um laboratório onde os imigrantes ou ex-presidiários permitiam que lhes fosse retirado sangue de hora em hora, além de aceitar a tomar medicamentos para testes. O comprometimento de sua saúde obrigou Wallraff a abandonar esta parte da investigação pela metade porém os relatos são o suficiente para chocar.

Como todo o livro reportagem mais do que tornar público sua experiência o autor contou com o depoimento de pessoas que a mais tempo do que ele viveram este período de exclusão da sociedade alemã. Ainda na Tyssen ele conheceu um alemão de nome turco Yuksel Atasayar, este foi o único que percebeu que Wallraff ali estava para conseguir reverter àquela situação, pois por vezes observava o jornalista em um canto da fabrica fazendo suas anotações durante os curtos intervalos que tinham. Yuksel fazia questão de passar informações importantes sem saber, nem questionar onde e como Wallraff as utilizaria.

Fonte: Classes de Periodismo
Considerado o sinônimo do jornalista investigativo na Alemanha Gunter Wallraff produziu uma matéria longa que deu origem ao seu livro “Cabeça de Turco”. O autor e jornalista consegue ser antes de tudo o ator que faz usos de cabelos e bigodes falsos, lentes de contato e se preciso for até cadeira de rodas para demonstrar não uma deficiência, mas uma fragilidade ignorada pelo interesse de alemães que procuram empurrar para um rico turco o pior dos cachões alegando ser o melhor da loja, só porque o mesmo está no fim da vida.

Fonte: Google
Wallraff denunciou o tráfico de mão de obra barata que faziam dos turcos e outros imigrantes escravos de uma Alemanha que em 1985 governada por Mikhail Gorbachev, líder da União das Repúblicas Soviéticas Socialistas – URSS caminhava ainda a curtos passos para aquela que em novembro de 1989 seria a reunificação dos seus povos com a queda do muro de Berlim que decretaria ainda o fim da Guerra Fria. O país ao mesmo tempo que se mostrava livre estava preso a um preconceito étnico.

Gunter Wallraff conquistou com “Cabeça de turco” em 1985 o prêmio de literatura de direitos humanos da França. O livro, considerado o melhor pós-guerra, vendeu mais de um milhão de exemplares só na primeira semana de lançamento e proporcionou centenas de processos contra a empresa Thyssen.

Wallraff é autor de outras obras como Fabricas de Mentira (1977) – O falso repórter Hans Esser que entrou para trabalhar no tabloide Bild Zeitung, para mostrar como o veículo distorcia as notícias. Outra obra que se tem conhecimento é A Descoberta de uma Conspiração (1976). Atualmente o escritor está com 71 anos e não há informações se ele ainda vive na Alemanha ou em outro país.

Meu 1° Prêmio de Fotojornalismo

Em agosto de 2012 ao participar da 6° Semana de Fotojornalismo da Universidade de São Paulo - USP pude competir na saída fotográfica pelas ruas da 25 de março juntamente com outros 120 participantes. A foto teria que ser pertinente ao tema discutido durante toda a Semana que foi "Caos".

O 1° lugar levaria como prêmio uma câmera Canon T3, o 2° Uma bolsa de estudos na Escola Techimage e o 3° livros dos fotojornalistas que palestraram naquela semana: Alan Marques, Rogério Ferrari e Evandro Teixeira.

Além da experiência adquirida em todos os encontros, a 6° Semana de Fotojornalismo da USP me rendeu meu primeiro prêmio no jornalismo e estimulou em mim a paixão pela fotografia.



Nota publicada no site dos organizadores

Matéria publicada no site da Universidade Guarulhos
Foto vencedora: "Os Esquecidos da 25"
No ano passado a 7° Semana de Fotojornalismo ocorreu entre os dias 19 a 23 de agosto. O tema de 2013 foi "Mulheres".


os PRÊMIOs foram

1º Lugar - Diana F+ Colette Package da Lomography Gallery Store + Livro #Euvistopele, de Dove Loções
2º Lugar - Livro Mulheres e Movimentos de Claudia Ferreira e Claudia Bonan + Livro De Peito Aberto de Hugo Lenzi e Vera Golik + Livro #Euvistopele, de Dove Loções
3º Lugar - Livro Metrópole - Hildegard Rosenthal, com texto de abertura de Maria Luiza Ferreira de Oliveira + Livro #Euvistopele, de Dove Loções

A semana de Fotojornalismo da USP ocorre sempre no mês que antecede o dia do fotojornalista comemorado no dia 2 de setembro.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Bourdieu criticou e a TV nada mudou - Resenha: Sobre a Televisão

Fonte: Nova Jornalista
Sobre a Televisão é uma obra publicada no Brasil em 1997, o livro do autor francês Pierre Bourdieu (Destacado sociólogo do século XX), retrata um pouco da censura oculta que existe na televisão por trás de discursos falsos e imagens que muitas vezes não simbolizam a verdade daquilo que realmente está acontecendo.
Sua obra é embasada na influência que a televisão adquiriu na vida das pessoas e naquilo que ela deixou de ser. Em seu Prológo do livro o autor, confessa que tentou colocar em primeiro plano, um discurso diferente, analítico e crítico. Bourdieu espera que suas analises ajudem aos profissionais da televisão inclusive aos jornalistas que façam com que essa mídia possa servir como instrumento de democracia e não de opressão simbólica.
O autor critica a posição a qual cientistas e/ou filósofos que são convidadas a irem a um programa de televisão para discutirem sobre um determinado assunto, se submetem em serem privados de dizerem aquilo que pensam, para ele a televisão é como uma caixa de narcisismo um ponto de encontro de narcisistas que estão ali somente para serem vistos e para agradarem o jornalista que os convidou.
Ao falar da “censura invisível” nos programas jornalísticos o autor critica o fato das emissoras colocarem assuntos que não apresentam soluções, ou que não dão oportunidade do telespectador em debater sobre, para ele assuntos fúteis que não chocam ninguém tomam o tempo na TV dos assuntos de interesse social.
Para o escritor, se a TV não chamar a atenção do telespectador ela está se submetendo a autocensura, porém ele leva essa explicação para o fato da mídia ter aberto suas portas aos programas sensacionalistas, sejam aqueles que mostram sangue ou sexo não importa, o importante é conseguir vender anúncios e se manter.
Bourdieu comenta o fato das emissoras dependerem de seus anunciantes e/ou do Estado que dá a ela a concessão para atuação, assim eles conseguem determinar o que é transmitido por ela. Em seu livro ele cita exemplos de emissoras americanas que tem como proprietários ou sócios, empresários de outras áreas.
Ainda dentro dessa critica apontada pelo autor, no tema “A circulação circular da informação” ele explica o conceito da audiência na televisão que ajuda os produtores a medir o interesse do público, além de proporcionar condições comerciais. A audiência é o juízo final que irá determinar o tipo e estilo de jornalismo que a emissora terá.
Neste trecho o autor faz uma comparação da diferença dos profissionais de cinema para os profissionais da redação, ambos possuem uma equipe, porém o cinema os reconhece nos scripts que sobem após o final do filme, já nas redações esse coletivo se restringe a um grupo de jornalistas que se deixam levar pelo interesse de serem sempre os primeiros a chegarem a um determinado local e darem uma notícia antes de seus concorrentes, esse grupo de profissionais passam a maior parte do tempo na redação discutindo o que os outros jornais deram e o que eles deixaram de dar. Esse pensamento do autor se reforça com o trecho “A urgência e o fast thinking” essa espécie de concorrência entre esses profissionais gera uma série de consequências. O fast thinking (pensamento rápido) na televisão pode ocorrer que aqueles que realmente têm alguma coisa a dizer de importante não sejam ouvidos.
Fonte: Educar para crescer

Para tratar os tipos de censura da televisão, Bourdieu usa como exemplo os programas de telejornais que mostram algo importante de forma insignificante, como dito no início do texto o autor abomina o uso de imagens que muitas vezes não retratam o que realmente está acontecendo, numa forma que ele se refere de “Mostrar ocultando”. Neste mesmo trecho do livro ele alerta que a TV desempenha um papel importante na cobertura de manifestações e querer se manifestar sem fazer uso dela é como dar um tiro no pé, pois é através dessa mídia que elas tomarão grandes proporções podendo atingir o esperado.
Bourdieu mostra-se indignado ao falar sobre apresentadores e/ou jornalistas que se deixam levar pelos debates verdadeiramente falsos, ou falsamente verdadeiros, que fazem perguntas aos entrevistados que não possuem peso nenhum, que se mostram despreparados permitindo assim que os entrevistados respondam aquilo que bem querem ou até mesmo as perguntas que não foram feitas.
“As concorrências e fatias de mercado” faz com que muitos jornalistas coloquem em jogo a própria reputação em busca do furo. Estar sempre a frente é essa bandeira que eles defendem, porém muitos acabam se surpreendendo com coisas não surpreendentes e fazendo pouco caso de coisas espantosas. Assim os próprios profissionais abrem brecha para a banalização e utilizam assuntos que não levantam problemas ou que não abrem portas para discussões e debates.
“Sem saber os jornalistas deixaram se submeter à censura”, Bourdieu garante essa colocação ao falar da TV na década de 50 quando ela ainda estava em experiência no Brasil e possuía poucos programas jornalísticos com uma grade voltada para a cultura.
Em quase boa parte do seu livro o autor se refere à pessoa que pela audiência passa a ter influência da televisão e os programas que começam a ter influência na vida das pessoas, além dos diferentes papeis que o jornalista desempenha, o autor chega a comparar este profissional com um bombeiro, que pode contribuir para criar um acontecimento pondo em discussão em uma notícia.
Bourdieu fala da luta da audiência em nome da democracia para dar as pessoas à possibilidade de julgar sendo isto é conhecido como legalidade externa e puramente comercial.
Saindo das análises do que a TV se tornou com a influência de alguns programas jornalísticos e sua grade, Bourdieu entra no quesito “A influência do jornalismo” e alerta que essa influência não é nada radical. De acordo com o escritor o campo jornalístico impõe sobre os diferentes campos culturais, sendo este um campo com peso comercial e muito maior.
A televisão contribui para orientar toda uma produção no sentido em que seus jornalistas se esforçam para impor sua visão do campo, embora sua eficiência se efetive quase sempre através de ações singulares seus efeitos sobre outros campos e determinantes pelas estruturas que os caracterizam.
Em relação aos jogos olímpicos, o autor entra na questão que a TV dá mais importância a um jogo e/ou um atleta, do que o outro. De acordo com Bourdieu, será preciso analisar as diferentes intensificações da produção que a televisão produziu sobre os jogos olímpicos assim cada um sofre efeitos para as ações, buscando a expansão do universalismo.
Pierre Bourdieu mostrou sua indignação com a forma que profissionais da televisão tratam a televisão, um instrumento que possuiu influência significativa na vida das pessoas, assim sendo ele conseguiu criar este livro do qual ele mostra o quanto os programas jornalísticos permitiram se autocensurar. O escritor citou exemplos, colocou seu ponto de vista e falou um pouco em cada trecho de suas experiências.
Pierre Bourdieu dedicou parte da sua vida a estudos relacionados à lógica da história e da ciência, formou-se em letras aos 21 anos, mas tarde cursou filosofia. Em um período da sua vida o escritor teve que se dedicar ao serviço militar na guerra da Argélia, a partir dessa experiência Bourdieu começou a dedicar-se a questões sociais e políticas. Mas tarde de volta para França ele iniciou a carreira de professor e treinava grupos de acadêmicos para atuarem nas áreas sociais.
Dentre suas principais obras estão: O poder simbólico; As regras da arte; O ofício do sociólogo e A distinção crítica social do julgamento. Bourdieu nasceu em 1930 em Denguin – França e faleceu em Paris em 23 de janeiro de 2002.